Principal competição estadual do Brasil, o Campeonato Paulista de Basquete está para começar. Estipula-se que o torneio iniciará no mês de outubro. Assim, a Rádio Poliesportiva foi atrás de alguns personagens da edição passada. O intuito é recordar a campanha de suas respectivas equipes, relembrar o desempenho individual de cada jogador e saber onde eles atualmente estão. O entrevistado da vez se trata de Dontrell Brite, armador estadunidense e cestinha do Basket Osasco.
Fundado em 2012, o Osasco obtém quatro medalhas de ouro nos tradicionais Jogos Abertos do Interior. Além disso, já foi vice-campeão da Série A2 e integra a elite do basquetebol paulista há cinco anos ininterruptos. Desde então, chegou às quartas de final em três oportunidades, a última delas no ano de 2017. Tudo isso, sob a batuta do experiente Ênio Vecchi, ex-treinador da seleção brasileira masculina e feminina, que esteve presente desde o nascimento do projeto. Porém, na edição de 2019, a Coruja teve uma mudança no corpo técnico, Ênio saiu e João Ricardo Lourenço assumiu o comando.
Além das alterações na comissão técnica, também houveram alterações no plantel. Dentre os contratados no “pacotão de reforços” estavam Dontrell Brite, Thiaguinho, Bruno, Tom, Maxwell, Lelê, Robinho e o argentino Nicolás Giménez. Por outro lado, Jalen Norman, compatriota de Brite, chegou com a competição em andamento.
O Campeonato Paulista de 2019 teve a presença de 13 times, divididos em dois agrupamentos. No Grupo A estavam: Franca, Mogi, Pinheiros, Liga Sorocabana, América e São Paulo, que fez o primeiro jogo da chave contra o Osasco. Curiosamente, esse duelo promoveu o reencontro de Ênio Vecchi, então assistente de Claudio Mortari no SPFC, com a sua última equipe. Ênio comemorou a vitória, mas dessa vez pelo lado adversário. O tricolor levou a melhor por 64 a 72. Brite marcou 15 pontos e terminou como cestinha da partida.
Após esse duelo, o Osasco enfrentou mais duas pedreiras: Pinheiros e Franca. Ambos os jogos terminaram em revés, mas os homens de João Ricardo não venderam barato as derrotas. 74 a 72 contra o time do Jardim Europa, Brite cestinha com 17 pontos, e 82 a 72 diante dos francanos. A sequência de resultados negativos teve fim no dia 10 de agosto, quando a Coruja bateu a Liga Sorocabana por 69 a 59, em casa.
“O tempo em que estive no Osasco foi muito divertido. Claro que foram altos e baixos, mas jogamos bem com o time que tínhamos e quase vencemos alguns dos times grandes. Depois que o Campeonato Paulista começou, meu desempenho foi o que eu pessoalmente esperava. João (Ricardo Lourenço) fez vários treinos individuais comigo durante esse tempo, e isso realmente me fez recuperar a confiança. E eu estava pronto para cada situação de jogo em que fosse colocado” – contou o armador sobre a sua passagem pelo Osasco.
Além do triunfo em cima da LSB, outro ponto alto da jornada osasquense foi a vitória centenária contra o América, sonoros 110 a 59 em pleno ginásio Geodésico, o “ninho” da Coruja. Ainda assim, o Osasco ficou no quase contra as equipes do Mogi em duas oportunidades, 70 a 76 e 94 a 84, e novamente versus Pinheiros, 76 a 80. Nessa ocasião, Dontrell Brite marcou 18 pontos e conseguiu quatro rebotes. Thiaguinho, companheiro do estadunidense, foi o cestinha com 20 pontos.
“Foram alguns jogos importantes para mim durante aquele Paulista, mas um que me chama a atenção é o jogo do Pinheiros. Perdemos, mas por sermos uma equipe muito jovem contra uma equipe muito experiente, mostramos que podemos competir contra qualquer um.
É válido ressaltar que dentre os quatro times não participantes do NBB 12, os osasquenses obtiveram a melhor campanha na fase de grupos, com duas vitórias. Liga Sorocabana e América também venceram duas vezes. Assim, a pontuação foi utilizada como critério de desempate. O Osasco superou seus adversários nesse quesito, 914, e terminou na 5ª colocação do Grupo A. Dontrell Brite contribuiu com 150 desses 914 pontos.
O armador de 1,74m e natural dos Estados Unidos, somou mais 40 pontos durante os playoffs. 27 deles somente no primeiro jogo da série contra o São José, realizado no Geodésico. Mesmo com a atuação de gala do estadunidense, os donos da casa perderam por 89 a 96. A segunda partida também terminou em triunfo joseense, dessa vez pelo placar de 87 a 69. Conforme a derrota, o Osasco acabou eliminado.
Participar do Campeonato Paulista agregou positivamente na temporada de Brite. Foi literalmente uma preparação de luxo ao jogador, que disputou o NBB 12 pelo Basquete Cearense. Juliano Armani, companheiro de Osasco, seguiu Brite e também fechou com o BC. Ao mesmo tempo, Murilo Becker, Léo Eltink e Márcio de Mattos rumaram sentido São Paulo, São José e Minas Tênis Clube, respectivamente.
Ou seja, o Paulista pode ser a porta de entrada para competições nacionais, seja o NBB ou até mesmo o Campeonato Brasileiro, equivalente à segunda divisão. Andrezão, primeiro entrevistado desta série, trilhou esse caminho. A saber, o pivô defendeu as cores da Liga Sorocabana e, posteriormente, contratado pelo Blackstar Joinville.
“Para mim, a importância do Paulista é realmente se preparar para o NBB. Muitos jogadores vão para novas equipes neste período” – disse Brite sobre o Campeonato Paulista de Basquete.
Sem dúvida, Rashaun, Sualisson e Dontrell Brite foram os grandes destaques na temporada. O armador liderou nos quesitos assistências, 3,7 e pontos, 12,7. Já seu compatriota terminou como o segundo melhor pontuador, 12.5, e Sualisson no posto de maior reboteiro, 5.8. Todavia, o Carcará não atingiu os playoffs do NBB 12. Dannyel Russo e seus comandados fizeram uma campanha apagada, encerrando a temporada na 15ª colocação. À frente apenas do Pato Basquete. Ilustrando a jornada em números, foram 21 derrotas e cinco vitórias em 26 jogos disputados, totalizando 19.2 % de aproveitamento.
Dessa maneira, a esperança da torcida cearense para a temporada 2020/2021 é o retorno de Alberto Bial. Atualmente com 68 anos, o treinador participou ativamente na fundação do Basquete Cearense, em 2012. Russo, técnico do BC no NBB 11 e 12, também está presente desde o nascimento do projeto, e integrará mais uma vez a comissão de Bial.
“A volta do Bial ao Basquete Cearense foi muito boa para a equipe. O principal desafio é saber como vamos fazer para treinar e como estaremos preparados após toda essa pandemia. Assim, definitivamente precisaremos de um novo nível de foco e esvaziar a cabeça de quaisquer distração para progredimos para a próxima temporada.”
Por fim, Brite também contou à Rádio Poliesportiva como é a sua rotina de treinos em tempos de pandemia. O armador está no Texas, um dos estados com maiores índices de infectados pelo novo coronavírus.
“Vim para o Texas para poder jogar e ficar em forma. Infelizmente, as academias aqui fecharam e eu estou preso fazendo exercícios em casa durante toda a quarentena e arremessando nas quadras abertas perto daqui. Então isso mudou toda a minha rotina de verão. Eu geralmente acordava cedo e levantava pesos às 6h da manhã. Posteriormente, eu iria treinar arremessos por uma hora e o jogo das 8h às 11h, todos os dias de segunda a sexta” – explicou Dontrell Brite.
Foto destaque: Bruno Ulivieri