Ao contrário de que parte da mídia esportiva previa no início do ano, inclusive este colaborador que vos escreve, o Corinthians, considerado por muitos a quarta força do futebol paulista, conseguiu merecidamente o título do Paulistão 2017, não tendo perdido um clássico sequer ao longo da campanha.
O futebol praticado na competição não encheu os olhos dos torcedores. O que impressionou mesmo foi a raça e comprometimento tático da equipe, principalmente no mata-mata. O técnico Fábio Carille conseguiu transformar um elenco limitado em altamente competitivo por mais que o nível técnico do Estadual não tenha sido dos melhores.
O grande mérito do comandante, efetivado ainda no final de 2016, foi ter organizado o sistema defensivo, ponto frágil do time durante a passagem dos antecessores Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira. Foram apenas 11 gols sofridos em 18 jogos. O Corinthians mostrou ter um dos melhores (se não for o melhor) sistema de marcação do país. Se mantiver o padrão, será muito difícil alguém conseguir derrubar o alvinegro até o final da temporada.
A proposta de jogo de Carille jamais foi ousada, porém, é digna de elogios a sua coragem em apostar nas categorias de base, algo que o multicampeão Tite pouco fez ao longo de suas três passagens pelo Parque São Jorge. O clube alvinegro terminou o jogo do título contra a Ponte Preta (empate por 1 a 1), em Itaquera, com seis atletas formados no próprio clube, sendo quatro deles das safras mais recentes: o lateral-esquerdo Guilherme Arana, o volante Maycon, o meia Pedrinho e o atacante Léo Jabá. Outros jovens contribuíram para o título: o lateral-direito Léo Príncipe e os zagueiros Pedro Henrique e Léo Santos.
Arana teve um ótimo desempenho. Foi o líder em assistências do time. Deu quatro passes para gol, além de ter demonstrado incrível habilidade ao distribuir várias canetas nos adversários.
O que falar do zagueiro Pablo? Foi soberano nas antecipações e muito bem nas jogadas aéreas ofensivas. Formou dupla de respeito com Balbuena. O torcedor parece ter se esquecido de Felipe e Gil.
O volante Gabriel, uma das caras novas da equipe, se encaixou rapidamente entre os titulares. Cumpriu com louvor a missão em proteger à defesa, com bons desarmes. Caiu nas graças do torcedor com sua determinação em campo. Não fugiu de nenhuma dividida.
O jovem volante Maycon deu dinamismo ao meio-campo, tendo aparecido diversas vezes como elemento surpresa no ataque. Voltou mais amadurecido após empréstimo de seis meses à Ponte Preta. Virou titular absoluto com Carille. Peça importante na engrenagem do campeão.
Não dá para deixar de destacar a presença de Jadson, que chegou com o campeonato em andamento e fez o time mudar de patamar. Com o camisa 77, o Timão ganhou na qualidade no passe. Nenhum outro atleta do elenco tem tanta capacidade em deixar os companheiros na cara do gol com ele.
Na frente, Jô espantou a desconfiança da torcida ao marcar gol em todos os clássicos. Finalizou a campanha sendo o artilheiro. Quando não balançou as redes, abriu espaços para os companheiros que vinham de trás.
Se não é a primeira força em termos técnicos – os rivais possuem maior número de talentos, o Corinthians mostrou ser a primeira força em conjunto.
Apesar dos méritos e da importância da conquista, os torcedores corintianos não podem se iludir. A equipe terá dificuldades se não reforçar o elenco para a longa disputa do Brasileirão, que normalmente premia aquele que tem o elenco mais homogêneo. Isto será tema para um post em breve.
Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians